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segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Águas de Março 

Dizia o Pe.Tolentino Mendonça no Público de sábado passado, no suplemento Mil Folhas (que nome, Jesus!, link não disponível), da importância de nos focarmos na pura e simples narrativa evangélica, tal como ela está, na sua sem maiores escrutínios histórico-científicos, para assim penetrarmos na Verdade de Deus. Desta tese do Pe.Tolentino, já nos tinha falado o camarada CC lá na Terra. E eis senão quando o 3º domingo da Quaresma me ofereceu a quinta essência da narrativa, um espantoso trecho do mais espantoso dos Evangelhos, o de João. Não vale a pena dizer mais grande coisa. Vale a pena, sim, transcrevê-lo todo. E quem tiver olhos que leia. E veja.

Evangelho de S.João 4, 5-42

Naquele tempo, chegou Jesus a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, junto da propriedade que Jacob tinha dado a seu filho José, onde estava a fonte de Jacob. Jesus, cansado da caminhada, sentou-se e à beira do poço. Era por volta do meio dia. Veio uma mulher da Samaria para tirar água. Disse-lhe Jesus: «Dá-me de beber». Os discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos. Respondeu-lhe a samaritana: «Como é que tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana?» De facto, os judeus não se dão com os samaritanos. Disse-lhe Jesus: «Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e Ele te daria água viva». Respondeu-lhe a mulher: «Senhor, tu nem sequer tens um balde, e o poço é fundo: donde te vem a água viva? Serás tu maior do que o nosso pai Jacob, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, com os seus filhos a os seus rebanhos?» Disse-lhe Jesus: «Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna». «Senhor», suplicou a mulher, «dá-me dessa água, para que eu não sinta mais sede e não tenha de vir aqui buscá-la».
Disse-lhe Jesus: «Vai, chama teu marido e volta cá». A mulher respondeu: «Não tenho marido». Disse Jesus: «Tens razão em dizer que não tens marido. Tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu. Nisto disseste a verdade». Disse-lhe a mulher: «Senhor, vejo que és profeta. Os nossos pais adoraram neste monte e vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar». Disse-lhe Jesus: «Mulher, podes acreditar em Mim: Vai chegar a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vai chegar a hora – e já chegou – em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito a verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito e os seus adoradores devem adorá-l’O em espírito e verdade». Disse-lhe a mulher: «Eu sei que há de vir o Messias, isto é, Aquele que chamam Cristo. Quando vier há de anunciar nos todas as coisas». Respondeu lhe Jesus: «Sou eu, que estou a falar contigo».
Nisso seus discípulos chegaram e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher. Ninguém, todavia, perguntou: «Que perguntas?» ou: «Que falas com ela?» A mulher deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: «Vinde e vede um homem que me contou tudo o que tenho feito. Não seria ele, porventura, o Cristo?» Eles saíram da cidade e vieram ter com Jesus.
Entretanto, os discípulos lhe pediam: «Mestre, come». Mas ele lhes disse: «Tenho um alimento para comer que vós não conheceis». Os discípulos perguntavam uns aos outros: «Alguém lhe teria trazido de comer?» Disse-lhes Jesus: «Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra. Não dizeis vós que ainda há quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: levantai os vossos olhos e vede os campos, porque já estão prontos para a ceifa. O que ceifa recebe o salário e ajunta fruto para a vida eterna; assim o semeador e o ceifador juntamente se regozijarão. Porque eis que se pode dizer com toda verdade: Um é o que semeia outro é o que ceifa. Enviei-vos a ceifar onde não tendes trabalhado; outros trabalharam, e vós entrastes nos seus trabalhos».
Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus, por causa da palavra da mulher.
Quando os samaritanos vieram ao encontro de Jesus, pediram-Lhe que ficasse com eles. E ficou lá dois dias. Ao ouvi l’O, muitos acreditaram e diziam à mulher: «Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo».

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