<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, maio 15, 2006

Do baú 

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se o orgulho habitar em mim serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montanhas, se o orgulho habitar em mim nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se o orgulho habitar em mim nada disso me aproveitará.
O orgulho é paciente, é insidioso e maligno. O orgulho arde sem doer, por tudo se ufana, por tudo se ensoberbece. O orgulho só conduz a si mesmo, só procura os seus interesses, não se exaspera mas espera. O orgulho não se ressente nem do mal nem do bem, não se alegra com a injustiça nem com a justiça. O orgulho regozija-se com a verdade e, mais ainda, com a mentira. Em nome do orgulho tudo se sofre, em tudo se crê, tudo se espera, tudo se suporta.
Ainda que em nós permaneçam a Fé, a Esperança e o Amor, sendo que o Amor é o maior destes três, todos eles, mesmo o Amor, podem soçobrar pelo peso do Orgulho, que de tudo se alimenta e que a todos nós alimenta, podendo assim encher o nosso coração, esvaziando-o de tudo o resto. E assim sendo, no fim de tudo, depois de tudo ter sido apagado pela força do Orgulho, é ele que permanece em nós, no vazio imenso em que nos tornámos.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?